sábado, 29 de outubro de 2022

Faz de conta


Há dias em que o mundo para

Em que plantamos sonhos

Que não se podem tornar reais

Em que dormimos de olhos abertos

E ninguém à nossa volta repara


Há dias em que nos enganamos

Em que vivemos doces mentiras

Tão intensamente que nos acostumamos

Construindo as nossas próprias sátiras


Somos fingidores natos

Farsantes comuns

Covardes que fingem ser duros

Ardilosos a construir muros

Para arrolhar as nossas fraquezas



Há dias em que o mundo nos derruba

Em que o coração deixa de acelerar

Partimos algo impossível de reparar

Perdemos algo travesso de substituir:

A capacidade de sonhar.


Há, também, dias em que a ficção 

Simplesmente se torna aspiração

A imaginação e a ilusão

Se tornam em desejo em ambição


Somos almas livres

Remediadas com retalhos

Frações de momentos fugazes

Pedaços de devaneios

Cheios de faz de conta

Pois todos os sonhos são mentira

Até os tornarmos realidade




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