sábado, 4 de janeiro de 2020

A Carta




Olá!

Como te disse, tenho lido a tua carta todos os dias. Certamente, a certa altura deixará de fazer sentido lê-la, pois já a saberei de cor. No fundo, acho já sabê-la de cor, tal como sei de cor cada parte do teu corpo. 
A carta tem sido a minha maior ligação a ti, um conforto, se assim o posso chamar. Cada vez que leio a carta, imagino que és tu que a estás a ler para mim e oiço a tua voz em cada palavra escrita. Quando termino de lê-la, volto a guardá-la no caderno e posso dizer-te que quase sinto o teu cheiro.
Parece ridículo, eu sei! No entanto, conheço-me muito bem e sei que continuarei a fazê-lo até me sentir confortável e forte o suficiente para parar.
Perguntei-te se devo sonhar ou deixar de sonhar. Inclusivamente, perguntei-te se era ridículo continuar a sonhar. A tua resposta não foi clara, o que acabou por fazer o meu coração ficar bem apertado. Disseste-me para não deixar de sonhar e que, de facto, não era uma estupidez e não era ridículo, de todo!
Sonhar é bom, é certo! Prefiro, porém, sonhar enquanto durmo. Quando sonho acordado, parece tudo não longínquo e difícil de alcançar. Sonhar à deriva é tão estranho e sufocante!
Posto isto, é suposto fazer o quê?

Até já!

2 comentários:

  1. Continuar a seguir o sonho, acordado. De olhos e coração abertos.
    Abertos para o que nos rodeia. Encontrar e seguir outros sonhos.Agradecer o sonho que foi vivido. Retirar apenas o melhor.
    Mais fácil de escrever que fazer. Mas é possível. Abraço

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